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Por que Palmeiras x Vasco foi melhor que Santos x Flamengo

Antes de adentrar no texto adiante, pede-se, por gentileza, que deixe seu clubismo no guarda volumes logo à entrada do mesmo, localizado bem aqui nesse pequeno parágrafo.

Feito?

Obrigado. Agora você está apto a fazer uma análise isenta e justa. No último dia 27/07 completaram-se 5 anos desde a grande partida de futebol que aconteceu na Vila Belmiro entre Santos e Flamengo. Nesse belíssimo encontro, tivemos o então esperado encontro entre Ronaldinho Gaúcho e Neymar, que eram naquela ocasião os maiores astros do futebol brasileiro em atividade no território nacional. O primeiro já na curva descendente de sua carreira e o segundo consolidando-se na ascendente. Que fique claro, que mesmo que nenhum dos dois estivesse em seu auge, ambos apresentavam um futebol lustroso o suficiente para deixá-los num patamar muito acima dos outros.

E o encontro não deixou a desejar. A partida acabou se tornando épica. Belíssimos lances, pênalti perdido, virada memorável, 2 golaços (um deles rendendo o prêmio de mais bonito do ano pela FIFA) sendo NOVE ao total.

Pra quem não viu ou não lembra, vale a pena conferir os melhores momentos no vídeo ao lado.

Acontece, que tanto à época em que aconteceu, quanto hoje, quando relembrado pelas diversas mídias devido ao seu aniversário, ele acaba sendo comparado a uma outra partida, também épica, 10 anos mais velha: Palmeiras x Vasco na final da Copa Mercosul. Seja pela virada emocionante, seja pelos nomes envolvidos ou mesmo pela emoção do jogo.

Se fosse apenas a comparação em si, seria válido e justo. O problema começa quando se diz que esse jogo de 2011 foi melhor que o de 2000. Novamente, opinião é diferente de fato. Se na sua opinião, um o melhor que o outro, isso não é problema. "O que seria do azul se todo mundo gostasse do amarelo", dizia meu pai. Mas não confundamos: o fato de você preferir o azul, não faz dele a melhor das cores.

Sendo assim, devidamente despidos do clubismo que ficou no guarda volumes à entrada, façamos uma análise acerca de ambas partidas a fim de descobrir qual jogo foi o melhor.

Podemos fazer isso através de tópicos.



- O pré-jogo já tornava a partida imperdível pra quem gosta de futebol. As duas equipes estavam vivendo uma mistura de bom momento, com tensão/pressão. O Vasco fora o campeão da Libertadores de 98, e o Palmeiras de 99. Porém, não tiveram sucesso na atual temporada da mesma. O Palmeiras fora derrotado nos penalties pelo Boca, perdendo a chance do bi-campeonato. Porém, estava em melhor situação que o Vasco, time que havia derrotado por 4 a 0 na final do Torneio Rio-SP daquele ano. Além disso, também havia levantado o caneco da Copa dos Campeões. Já o Vasco, além do vice-campeonato no Rio-SP, também já havia sido vice no Carioca pro seu maior rival (pela segunda vez seguida) e, o pior, havia perdido a chance de ser campeão mundial pela FIFA, perdendo a final nos penalties pro Corinthians, de forma melancólica. Como se não fosse o suficiente, havia mudado de treinador há apenas 4 dias dessa decisão, e já deveria ter levantado a taça no jogo anterior se a regra da competição fosse 'normal', afinal, havia ganhado a primeira partida por 2 a 0 em casa, e perdido a segunda por 1 a 0 em São Paulo. Porém, na Mercosul, não havia saldo de gols. Se o vencedor do primeiro jogo não vencesse também o segundo, um terceiro deveria acontecer pra desempatar, independentemente de placar. Em resumo, todo o ambiente nessa terceira partida conspirava pra uma partida memorável.

Já na partida entre Santos e Flamengo, o único fator que a tornava esperada desde o pré-jogo, era o encontro dos craques Ronaldinho e Neymar. O histórico recente das equipes naquele ano, eram: Flamengo vinha de um título Carioca (invicto) e o Santos levantara nada menos que a Libertadores (pela terceira vez). Haviam, sim, outros craques em campo, que tornavam a partida interessante, como Thiago Neves, Ganso e Elano. Mesmo assim, não se compara aos elencos estelares de Vasco e Palmeiras em 2000. Além do mais, para esta partida, o que estava em jogo era nada mais do que 3 pontos no campeonato, bem diferente da partida anteriormente citada, conforma já foi esmiuçado.


- O primeiro tempo da partida de 2000, mostrou que toda expectativa acerca dela se justificava. Na primeira hora inicial, tivemos uma partida dura e disputada, com lances de perigo pra ambos os lados, mostrando o equilíbrio entre as equipes. O primeiro gol só viria a acontecer aos 37', quando numa cobrança de escanteio, Júnior Baiano foi Júnior Baiano e num lance sem grande perigo, pulou e botou a mão na bola. Arce abriu o placar na cobrança. Daí por diante, o Vasco parece ter desandado, pois na saída de bola, o Palmeiras já a roubara e no lance seguinte marcava o segundo, apenas dois minutos depois do primeiro. Se sair pro intervalo com dois gols tomados, numa final, na casa do adversário era difícil, imagine sair com 3? Pois é. Aos 45' Tuta marcava o terceiro do Palmeiras. A missão do Vasco era quase impossível, especialmente com a equipe abalada e com a torcida do Palmeiras gritando "É campeão" já na descida pro intervalo.

Já o primeiro tempo do jogo na Vila, foi certamente mais bonito que o do Parque Antártica, por mais que o placar tenha sido o mesmo. O que se vira, foi um dos últimos suspiros do futebol arte na era contemporânea. A equipe de Neymar dava um baile na R10. E o último ato desse primeiro tempo, foi uma obra prima, um gol que valia não apenas uma placa, mas um prêmio. O Pêmio Puskas, no caso. Um gol antológico que consolidava o menino Neymar como um dos grandes (dos maiores?) da sua geração. A descida para o intervalo parecia que ia mostrar o mesmo placar em ambas partidas, porém nesta segunda, era nada mais que uma segunda-feira a tarde pra torcida do Santos, mal acostumada com tais eventos em casa àquela época (e, por que não, sempre?).


- Na partida de 2000, por valer muito mais que apenas 3 pontos, e por haver muito em jogo e não uma simples vitória, o treinador da equipe carioca resolveu sacar o seu volante de marcação (Nasa) e colocar mais um atacante (Viola). A equipe cruzmaltina agora contava agora com os dois Juninhos, Euller, Viola e um tal de Romário, à época com 'apenas' 34 anos. Foi ele quem começou a reação do Vasco. Aos 14', após pênalti duvidoso sofrido por Juninho Paulista (que infernizava a defesa alviverde), marcou o primeiro, e nem comemorou, foi logo pegar a bola no fundo das redes com a pressa com o placar exigia. E dez minuto depois a cena se repetiu, mudando apenas o Juninho que sofrera o pênalti, mas o fim seria o mesmo: gol de Romário que buscara a bola no fundo pra recomeçar logo o jogo. Já em 2011, a reação começava ainda no primeiro tempo e também com craque da equipe carioca: aos 27' Ronaldinho marcava de cabeça após cruzamento de Luiz Antônio. Ironicamente, o segundo gol aqui, também aconteceria da mesma forma que o primeiro, mudando apenas o protagonista: agora Thiago Neves marcava aos 31' depois de um cruzamento também da direita, dessa vez de Léo Moura. Tanto a torcida do Palmeiras quanto a do Santos, já não estavam mais tão confiantes em uma vitória de suas equipes, que parecia anteriormente caminhar pra uma goleada histórica.

Em 2000, um contratempo surgia pra equipe carioca: Júnior Baiano, aquele mesmo do pênalti sem explicação do primeiro tempo, dava um carrinho imprudente (o que é redundante vindo dele) e era expulso. Agora o Vasco teria menos um em campo e menos um no placar.

Em 2011, pode-se dizer que o Júnior Baiano do Flamengo na época era Williams, que era tão eficaz como imprudente. Assim, fazia um pênalti aos 40', o que poderia ser um grande problema pra sua equipe e atrapalhar a reação. Porém, Elano cobrara com uma cavadinha tão displicente e mal executada que o goleiro Felipe não apenas agarrou com facilidade, que chegou a fazer embaixadinhas. E essa cobrança desperdiçada, custou caro: aos 43' Ronaldinho cobrara escanteio na cabeça de Deivid que empatara a parida. Seis gols em um tempo, Nada mal. Nesse quesito, assim com na beleza dos gols (que ainda não acabariam), essa segunda partida foi melhor que a primeira.



- De volta a 2000, veríamos momentos que consagrariam e consolidariam heróis e o espírito vascaíno. Mauro Galvão, que levantara o troféu mais importante do clube dois anos antes, entrava pra recompor a zaga. E aos 40', a equipe com menos um, empatava o jogo com Juninho Paulista, bem embaixo do gol, após jogada de Euller que tocou pra Romário, mas este não conseguiu marcar. O pequenino Juninho vibrara com tamanha emoção que não cabia em seus 1,68m. A torcida vascaína, também pequena naquele estádio, acompanhava o jogador e vibrava de emoção, se sobressaindo à dona da casa. Num lance em que cortara uma investida palmeirense na lateral de campo, 'o outro' Juninho, vibrara com tamanha emoção, batendo no peito e mostrando garra ao mesmo tempo que pedia o apoio de sua torcida nesse momento de vantagem vascaína. Era consolidado ali, o status de Rei deste jogador para com sua torcida. Um sentimento que nunca mais se extinguiria.

Já em 2011, a arrancada da equipe carioca também sofria seu contratempo. Ganso roubara a bola e lançara Leo. Este passara por defensores flamenguistas e tocara pra Neymar. Outro belo gol. 4 a 3. Mas pra quem acompanhava o jogo, sabia que esse placar certamente ainda não seria o definitivo. Aos 22' após infernizar a defesa do Santos, Ronaldinho tinha um meio-gol: falta na entrada da área. 5 defensores na barreira. Após umaa obra de arte de Neymar e um golaço, R10 não poderia deixar o moleque tomar o protagonismo pra si. Precisa ser o bruxo que sempre foi. Não poderia 'apenas fazer mais um belo gol de falta', afinal, isso ele sempre fez. Teria que se reinventar. E o fez.



Ronaldinho cobra a falta por baixo da barreira, onde ninguém esperava, da única forma que poderia ser imprevisível e 'impegável' naquela ocasião. É bem verdade que ele (e muitos outros) já fizeram muitos outros gols dali e gols muito mais bonitos. Porém, ninguém havia feito nada com tamanha sutileza e ousadia. Outro golaço na partida. 4 a 4. Se terminasse aí já estava de bom tamanho e justo.


- O fim do jogo de 2000, trouxe o seu momento de maior emoção. Aos 48', a poucos segundos do fim de um jogo que caminhava para os penalties de forma até imprevisível dado seu início, Viola, que mudara a cara do jogo no segundo tempo, fez jogada pela esquerda, a bola sobrou pra Juninho Paulista, outro que tinha grandes méritos no jogo, e este chutou, a bola espirrou na zaga de forma emocionante e sobrou pro cara, o escolhido, Romário. Ele fez o que sabia como ninguém, e empurrou pro gol pra selar a (licença para a aliteração) pra vitória vascaína de virada. 3 a 4. Vasco campeão da Copa Mercosul com uma vitória totalmente improvável.

Já em 2011, o ato final também ficaria com a equipe carioca, com seu astro marcando um gol com uma de suas marcas registradas. Após receber de Thiago Neves num lance de arrancada em velocidade pela esquerda, R10 colocou a bola com carinho e precisão que lhes eram características no canto do goleiro, como fizera muito parecido em um Barça x Real no seu auge. Final de jogo 4 a 5. Bela virada, belíssimos gols. 3 pontos pro Flamengo. Último respiro do futebol arte nos últimos anos.


Na contagem final, observamos que a partida de 2000 teve importância absurdamente maior pro futebol mundial: duas equipes de belíssima história protagonizaram uma final de campeonato com momentos de muita emoção. O vencedor, escrevia uma das páginas mais importante e certamente marcantes em sua história. Virar um jogo que se perdia de 3 a 0 não é comum; em uma final, quase impossível; da forma como foi, com um jogador a menos, e aos 48' do segundo tempo, na casa do adversário... Só o Vasco. O de 2011 também teve sua importância, mas apenas como uma homenagem a um futebol que já não existia mais, especialmente ao saudosismo dos torcedores de ambas equipes. Foi um momento. Especialmente pros dois craques em campo. 3 gols de Ronaldinho e 2 de Neymar. Esse partida estará sempre no imaginário dos amantes do futebol. Mas nunca será tão importante como o seu sucessor foi.

Concluímos que ambas partidas foram incríveis, mas que a final de de 2000 leva o título de melhor no quadro geral, quando se leva em conta todos os aspectos envolvidos. Até porque se é pra 'levar o título', apenas a primeira o disputava, a segunda fica apenas com os 3 pontos.


Então, já que foi colocado o vídeo da partida de 2011 lá no início do texto, é justo que o vencedor ganhe um vídeo especial aqui, ao fim, de virada.

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