Crítica | Capitã Marvel
Se dependesse do que viu nas críticas de cinema, você já teria deixado de assistir um filme que você acabou assistindo e curtindo bastante? Pode acontecer. E Capitã Marvel pode ser um desses casos.
A crítica tem se dividido, é verdade. Mas aqueles que estão falando mal, tem usado argumentos descabidos.
O filme repete a fórmula que tem dado certo nos últimos 10 anos no Universo Cinematográfico Marvel. Portanto, cabe a você decidir: por ser uma fórmula repetida, isso acaba sendo ruim; ou se tem dado certo por mais de dez anos, é sinal de que é bom?
Trata-se de uma história de origem, é a primeira vez que a personagem aparece nas telonas. Pense nos filmes do Capitão América, Homem de Ferro, Thor... Só não vale o do Pantera Negra porque esse é o ponto fora da curva, um filme que ganhou 3 Oscars não pode estar no mesmo pote dos outros. Assim é Capitã Marvel. Um filme divertido, mas comum, não memorável se posto fora do contexto que ele representa para o MCU daqui a pra frente. Afinal, ela será a mais importante peça para o futuro da franquia.
Não vamos falar de spoilers. O que vale falar sobre o filme, é sobre sua importância relativa e não absoluta. Não pensemos nele como um filme único, mas como parte de um todo. E nisso, ele acrescenta bastante.
A trilha sonora é um dos pontos altos. Como é ambientado nos anos 90 e a personagem Carol Danvers é famosa por ser alternativa, não convencional, com bastante atitude, não espere nada menos do que muito grunge e rock alternativo. Acho que não é exagero dizer que no quesito música, o único que está a frente é Guardiões da Galáxia, por motivos óbvios.
Há muitas referências e quem acompanha tudo que já saiu de filmes e séries da Marvel vai poder pegar muita coisa. E tem respostas para algumas curiosidades, nada de muito relevante, mas que é divertido. Há também novas perguntas.
Sobre a personagem, Carol Danvers é, sim, carismática. Talvez não tanto quanto a Mulher Maravilha, por exemplo. Talvez, apenas. É uma questão de opinião. Ela é uma pessoa que tem memórias embaralhadas e não sabe bem quem é ou mesmo o que sente. Assim, é difícil exigir muito de uma pessoa nessas condições. Por essa razão, as críticas à atuação de Brie Larson não fazem sentido. É claro que não dá pra esperar um novo Oscar dela por essa atuação, mas para um filme de super-herói, especialmente no contexto em que ele está inserido, á mais do que o suficiente.
Inclusive, há um recurso narrativo bem interessante e até então inédito no gênero: uma espécie de 'flashback interativo', ou pelo menos induzido, guiado. Assista e entenderá.
Uma outra coisa que vem sendo criticado por alguns é o fato da personagem ser desnecessariamente ou exageradamente overpowered. Ora, pode até ser. Nesse primeiro filme da personagem, ela parece não ter nenhum ponto fraco. Mas ainda é muito cedo, a personagem tem muito a ser explorada. Além do mais, ela não a única OP por aqui: Thor e Hulk que o digam. Isso porque a Feiticeira Escarlate e o Visão foram pouco e mal aproveitados até agora. E Superman (especialmente o do filme da Liga da Justiça) mandou lembranças.
Há ainda uma ou outra crítica ao plot, especialmente ao plot twist. Sem aprofundar muito, há também muito ainda a se desenvolver na rivalidade Kree-Skrull. Não devemos tirar conclusões ainda. Muito há para se ver sobre essas duas raças e até sobre a própria Carol durante esses anos em que esteve 'sumida'. E mais importante: se você conhece pouco ou nada sobre os quadrinhos, essas liberdades criativas na adaptação não fazem a menor diferença pra você. E caso você seja expert em HQs, já está mais do que na hora de você largar esse apego e entender que adaptações mudam a história, nem sempre transportar exatamente a mesma história de uma mídia para outra, e muitas vezes isso pode até ficar chato.
Em resumo, Capitã Marvel é um filme para você assistir, se divertir com sua família e, se quiser, tirar conclusões. Se não, só o aproveite como ele deve ser aproveitado, como um filme. Como entretenimento, diversão. E nisso, ele funciona muito bem. E lembre-se das cenas pós-créditos, especialmente da primeira (arrepiante para fãs do MCU).