Recomendação | Westworld
Westworld é uma série produzida e exibida pela HBO que estreou em Outubro de 2016. Me lembro que à época, assim que lançaram os primeiros trailers da série, achei bem interessante a premissa, mesmo sem saber muito do plot. Além do mais, qualquer coisa que tenha J.J. Abrams envolvido e ainda conta com um Nolan (ainda que não seja Christopher, o irmão mais famoso), merece a atenção de qualquer fã de cultura pop.
Se os nomes envolvidos na produção não forem definitivos, uma olhada mais atenta no elenco é: os pesos-pesados Anthony Hopkins e Ed Harris, as ótimas Evan Rachel Wood e Thandie Newton, além de Rodrigo Santoro (que está muito bem, obrigado).
A tal premissa que citei como sendo interessante, é a seguinte: uma espécie de jogo onde o jogador entra na história, interagindo não só com outros jogadores, mas também com NPCs (non-playable characters). Esses NPCs são chamados de anfitriões e os jogadores de visitantes. Esses visitantes entram em histórias que se passam no velho oeste e lá é permitido fazer o que quer que ele deseje. Os anfitriões, por sua vez, tem suas histórias pré-programadas e repetem suas rotinas todos os dias. Suas narrativas são entrelaçadas e apesar de serem pré-definidas, podem ser desviadas.
O curioso disso tudo, é que apesar de parecer uma história manjada e que se passa em um mundo antiquado, na realidade tudo e absurdamente moderno e desenvolvido. Os anfitriões são andróides indistinguíveis dos humanos. Tem memórias inseridas e personalidades próprias. Suas falas e ações programadas dão brecha para a improvisação com uma inteligência artificial impressionante. E é aí que a história é explorada.
Sabe aquela velha história de dar inteligência e autonomia demais às máquinas e elas saírem do controle? Pois é, ela está aqui. Mas é trabalhada, no geral, de uma forma não tão explorada antes. Apesar de vermos potencial para um plot ao estilo O Exterminador do Futuro, a pegada é mais Matrix, mais filosófica talvez.
Mas o que mais chama a atenção na série, é o comportamento dos humanos. É terrível pensar que tudo que se passa ali é perfeitamente plausível, especialmente no que diz respeito ao comportamento humano. Como seria ter humanos em uma verdadeira terra sem lei, onde ele pode externar seus desejos mais animalescos e deixar aflorar instintos inaceitáveis na sociedade moderna? Quando as pessoas (homens e mulheres) têm permissão para fazer o que quiserem com outros seres que não sentirão dor real e não terão traumas ou memórias, elas acabam se tornando as piores versões de si mesmas.
Como todas as séries da HBO normalmente são, Westworld é bem pesada. Cenas de sexo, nu em praticamente todo episódio (muitas vezes frontal e de ambos os sexos), dramas tensos e muita violência e sangue jorrando. Além do mais, temos o mesma qualidade e cuidado com a produção no geral, bem na pegada Game of Thrones. Figurinos, cenários, maquiagem, fotografia. Elementos técnicos impecáveis. Selo HBO de qualidade.
A trama talvez se desenrole um pouco de vagar para alguns. Mas, novamente, quem já conhece as produções da emissora está acostumado com esse ritmo. A 10 episódios de cerca de 1h é um formato que dá pra acompanhar bem, sem dar tempo de cansar. E quando a trama dá sua virada, fica tudo mais intenso, o tempo passa mais rápido. Só é preciso paciência e atenção até chegar lá. O número de personagens e tramas (que parecem) paralelas não é absurdo e dá pra acompanhar sem esquecer de ninguém nem dos nomes. Quando vem o plot twist nos episódios finais, cabeças explodem. As vezes literalmente. É aquele momento em que pensamos que valeu a pena insistir na série.
Em suma, Westworld é uma excelente série que, apesar de agora estar recebendo uma boa campanha de marketing, não recebeu a atenção devida do grande público, especialmente quando comparada com sua colega de emissora (GoT). É tão abrangente, que pode ser recomendada pra quem gosta de westerns, de sci-fi, de drama, de violência, de antropologia, de psicologia, de filosofia e de boas tramas.
Se você ainda não acompanha a série, aproveite e faça uma maratona agora. A segunda temporada acabou de estrear (no dia 22/04) e, como dito, na primeira temporada são apenas dez episódios de 1h, mais ou menos.