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Crítica / Resenha / Recomendação - The Fundamentals of Caring

Vez ou outra, me permito assistir a um filme despretensiosamente. Sou fã de blockbusters, sim. Curto filmes 'modinha'. Mas tem dias em que só quero assistir a algo que eu nunca tenha ouvido falar, experimental, independente ou que até seja comum, mas que não tenha me chamado a atenção. Já até escrevi um texto a respeito (btw, conheça também meu trabalho na FeedBack Magazine).

Nesse Domingo 14/08, dia dos pais, mais uma vez aconteceu. Estava jogando Skyrim enquanto minha esposa assistia Gilmore Girls pelo celular. Queria assistir algo com ela, e havíamos acabado a temporada de Stranger Things na noite anterior (aliás, se você esteve numa bolha em Marte nos últimos meses e não sabe o que é e/ou não assistiu a essa série incrível, faça um favor a você mesmo e comece agora). A convidei pra assistirmos algo juntos e ela sugeriu a série que estava acabando de começar. Porém, eu não estava numa vibe de série, especialmente uma que eu já conhecia. Tenho dessas coisas, preciso estar no mood. Foi então que ela sugeriu esse filme. Vi rapidamente a sinopse, e que estava marcado com 5 estrelas. Somente depois que fui perceber que era um filme original da Netflix. "Não tem como ser ruim", eu pensei. E não era mesmo. Muito pelo contrário.

O filme mostra a história de Benjamin (Ben), um homem de 45 anos que trás consigo um trauma que só é totalmente esclarecido no fim, mas que permeia o filme todo e que influencia muito no desenrolar do personagem e de sua relação com os outros ao longo do longa. Ben é um escrito frustrado, e segundo o próprio, aposentado. Decide, então, se tornar um cuidador e após um longo período desempregado. Logo no seu primeiro trabalho como tal, ele vai até Trevor, um jovem de 18 anos que sofre de uma rara doença que faz com ele tenha um tipo de distrofia e não tenha movimento nas pernas e movimentos limitados nas mãos e braços. Trev tem 'um senso de humor único', como sua própria mãe define (ela mesma também tem um humor peculiar) e já na entrevista de Ben faz uma brincadeira com ele fazendo com ele que pense que o rapaz é 'retardado'. Após uma breve sessão piadas/humilhação da qual Ben acaba se saindo bem, ele é escolhido, mesmo sob desconfiança da mãe, dada a falta de experiência de Ben.

Em pouco tempo, Ben e Trevor acabam criando uma amizade improvável (aliás, o título do filme em Portugal é 'Amizades Improváveis'), mesmo com todo a acidez do rapaz e sua rotina difícil e até mesmo chata. Rotina essa que leva à mudança de rumo na história. Ben sugere que Trev precisa sair de casa e fazer algo significante em sua vida, pois sua condição permite que ele tenha uma vida, e não se limite a fica assistindo TV o dia todo e ir ao parque uma vez por semana. Os dois saem então numa viagem para conhecer os 'passeios mais babacas dos EUA', roteiro que o próprio Trevor traçou após tantos anos assistindo a programas ruins na TV.

A gang do filme visitando um dos destinos babacas

A partir daí o filme se torna um Road Movie e ganha outros ares, mostrando uma bela fotografia. Entre um 'ponto turístico babaca' e outro e com algumas piadas de humor negro no meio, eles encontram Dot, uma bela jovem universitária pedindo carona por quem Trevor pareceu ter interesse desde o início. Logo ela se junta à dupla e novamente o filme acaba ganhando novos ares, passando a ter momento até mais cômicos. Além disso, Dot é uma tremenda boca suja e seu espírito aventureira e livre destoa dos dois e os encanta (de forma diferente).

No caminho, mais uma personagem, digamos, peculiar, se junta ao grupo: uma grávida, a dias de ter seu bebê, que teve o carro quebrado na estrada enquanto tentava cruzar estados sozinha, entendendo pouco de carros. Na minha opinião, essa é a personagem mais hilária da história. Não sei porquê, ela simplesmente é cômica.


Muita coisa acontece no decorrer dessa história, sempre com situações cômicas mescladas com drama. Não quero dar spoilers, mas posso dizer que a sensação que eu tinha, depois de assistir tantos filmes, é de que algo muito ruim aconteceria a qualquer momento. Essa coisa ruim não acontece, mas dá pra dizer que há momentos de certa tensão.

Pra não acabar contando demais e estragar algumas surpresas, digo apenas que o filme é surpreendente, leve e com boas mensagens. Não é clichê, nem tão original. Mas vale muito ser assistido. É um filme que é até previsível, por vezes, especialmente pra quem já assistiu a filmes como Antes de Partir, Os Intocáveis (que eu ainda não assisti, mas que me foi altamente recomendado), A Culpa é das Estrelas e/ou Como eu era antes de você (outro que não vi o filme, mas curti muito o livro). Acho até que estamos conhecendo um novo sub-gênero: 'Drama pesado dosado com Comédia suave temperados com humor negro e provavelmente uma viagem' (Netflix curtiu isso). Cada um desses que citei como influência e semelhança, tem um ponto de vista diferente: dois homens idosos com uma doença terminal, e que decidem aproveitar os últimos momentos viajando e fazendo o que sempre sonharam; dois homens de mundos e estilos de vida praticamente opostos e que acabam conhecendo esse mundo do outro e aprendendo muito; dois (pós)adolescentes que podem morrer a qualquer momento e se apaixonam, e acabam viajando e vivendo esses últimos momentos juntos intensamente; uma cuidadora sem grandes ambições na vida que conhece um jovem e rico cadeirante e acabam se apaixonando e ensinando muito um ao outro. Em Fundamentals of caring, temos um homem em busca de redenção e sentido na vida e um jovem que devido a sua vida limitada acaba não conhecndo muito da vida e por isso se torna amargo. Ambos também aprendem muito um com o outro.


As atuações estão ótimas, talvez o grande diferencial desse filme


Paul Rudd está muito bem nesse personagem dramático, e você pode ver também seu talento pro lado cômico. Craig Roberts eu não conhecia, e se mostrou muito bem no personagem. Suas expressões são muito convincentes, e sua variação entre drama e comédia é bem feita. Me parece um talento a ser acompanhado. Selena Gomez é outra que não conheço bem o trabalho, só mesmo de Os Feiticeiros de Waverly Place, sendo assim, posso analisá-la somente por esse personagem, o qual também é bem convincente. Ela é desbocada e um espírito livre ao mesmo tempo que pode ser encantadora e gentil. Acho que ela também se saiu muito bem. Destaco também a mãe de Trevor e a grávida. São personagens que ficam pouco na tela mas que acabam conquistando o público.

Dei cinco estrelas no Netflix e recomendo o filme a todos. É desses que se assiste sem grandes pretensões iniciais, mas que ao fim, deixam uma agradável sensação de que valeu a pena gastar esses minutos. Afinal, um filme original da Netflix classificado como 'Drama' e 'Comédias Obscuras' e qualificado com 5 estrelas, não tem como ser ruim. E não é mesmo. Muito pelo contrário.

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