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Entrevista: O que um voluntário na Rio 2016 tem a dizer sobre sua participação no evento

No meu texto inicial aqui nesse site/blog, mencionei o fato de muita gente desmerecer o trabalho dos voluntários nos Jogos do Rio 2016. Mas pouca gente sabe o que os próprios voluntários acham disso, o que eles tem a dizer a respeito.

Stella Barros é uma ex-aluna minha que se tornou amiga. Ela é aluna de Turismo e tem material em diversas mídias publicado na internet (colocarei os links no fim do post). Stella foi (é) voluntária nas Olimpíadas e Paralimpíadas. Como ela ainda não havia colocado muito a respeito disso em nenhum desses canais, resolvi perguntar algumas coisas a ela e publicar aqui. Vamos ao resultado dessa entrevista. Por que você decidiu ser voluntária nas Olimpíadas?


Então, eu decidi me inscrever para ser voluntária das olimpíadas quando minha amiga Juliana me contou que foi voluntária da Copa, em 2014. O que me motivou foi ter o contato com pessoas de outros lugares, as experiências que ela me contava me deixavam com vontade de que começasse logo. Cada vez que eu fazia um curso online ou um treinamento, antes mesmo de saber se eu ia ser selecionada ou não, eu ficava ainda mais ansiosa. A empolgação era imensa!


O que, exatamente, você fez?


Eu fiquei nas Olimpíadas e (ficarei nas) Paralimpíadas no Uniform and Accreditation Centre (Centro de distribuição de Uniforme e Credenciamento). Eu fui assistente de uniformes e fazia basicamente um pouco de tudo. Nos primeiros dias de experiência, eu fiquei no provador masculino, na prova de tênis, na distribuição de calças, cada dia ficava em um lugar diferente para ver onde eu me encaixava melhor. Me identifiquei (e vi uma falta de pessoal que falava outros idiomas) com o provador e fiquei lá até o final das olimpíadas. Nas Paralimpíadas, eu já troquei de setor e estou no check-in, onde os voluntários, pessoal remunerado e contratados chegam e nós conferimos o que eles tem direito e qual a cor do uniforme que eles vão pegar. E, nós voluntários, somos pau pra toda obra, sempre que precisam de ajuda na outra área funcional, o credenciamento, a gente vai e dá uma mão. Nós temos que estar dispostos a qualquer imprevisto e se precisamos ficar até mais tarde. Porém, foi (e é) tudo muito bom! Nós fomos a primeira instalação a seremos e a última a fechar!

Voluntários

Qual foi a melhor parte? E a pior?


Na verdade é muito difícil escolher uma melhor parte de tudo que aconteceu. Mas, na minha opinião, entre as melhores partes, com certeza, está o contato com pessoas de outros países. E foi gente do mundo todo! Até de países que (vergonha) eu não lembrava o nome ou nem sabia que existiam! Também foi muito bom poder praticar os idiomas que eu falo, inglês e francês, e também ensinar um pouco de português pros estrangeiros haha. Então, acho que essa foi a melhor parte: a troca de conhecimentos e o câmbio cultural. Ah, e sem falar nas trocas de pins! Eu quase sempre ganhava, mas quando tinha algum do Brasil eu trocava com quem quisesse. Comecei bem a minha coleção de pins hahaha. E teve também o reconhecimento que era constante. Os voluntários eram muito bem tratados e sempre estavam nos agradecendo por fazermos os jogos acontecerem. Acho que eu ficava mais emocionada e sentida quando um voluntário ou, às vezes mais ainda, os árbitros falavam que eu tinha razão quando eles pediam minha opinião sobre algo. Eles demonstravam confiança em mim, em todos, na verdade, e quando não sabíamos respondê-los, eles não ficavam chateados (pelo menos a maioria). Essas foram as melhores partes pra mim! Agora a parte mais chata acho que foi ter que, muitas vezes, ouvir alguns desabafos de voluntários e até remunerados sobre determinados assuntos que, às vezes, nem nos diziam respeito. Também havia alguns julgamentos só por eu saber falar outros idiomas. Diziam que eu tinha que ajudar praticamente a todos que não conseguiam entender os clientes estrangeiros, sendo que eu também estava atendendo alguém, muitas vezes, e tinha que me desdobrar em cinco, porque nós entendíamos duas ou três pessoas de uma vez, cada um. Então era muito difícil! Acho que nos jogos teve muita deficiência em pessoal que falava outros idiomas. Tudo bem que não era obrigatório, mas um curso básico pelo menos não ia fazer mal.

Pins

Alguns dos tais pins citados


Alguém, em algum momento, tentou diretamente te desencorajar ou questionar sua opção/vontade de ser voluntária? O que você diria (ou disse) às pessoas que fizeram isso com muitos outros?


Bom, desde o começo meus pais me apoiaram, mas outras pessoas (meus amigos, familiares, ou qualquer outra pessoa que eu comentasse que ia ser voluntária) me julgaram falando que eu era maluca de trabalhar pro governo de graça ou que eu poderia estar em um emprego melhor e ganhando muito bem. Acontece que eu não estou trabalhando pro governo brasileiro, eu estou trabalhando pra Rio2016! Quando as pessoas me veem na rua, eu observo que elas me olham ora meio torto ora com admiração ou apenas curiosidade. Eu sempre falo pras pessoas que vêm me questionar sobre meu trabalho que isso é uma oportunidade única e muitos entendem, outros começam um discurso, muitas vezes sem fundamento, sobre o trabalho voluntário. Nesses momentos eu apenas balanço a cabeça e fico olhando pra pessoa. Eles perguntam sobre meu uniforme, sobre alimentação e passagem, e vez ou outra ficam surpresos quando eu digo que eu não compro ou comprei nada com meu dinheiro. Agora que eu sou voluntária, muitos amigos e outras pessoas querem ser voluntários também! Parece que eles conseguem ver agora que está sendo uma experiência boa pra mim e que poderia estar sendo pra eles da mesma forma.


Como você descreveria essa experiência?


Ser voluntária é lindo, maravilhoso, incrível! É uma experiência única! Eu amo tanto o que eu faço que não reclamo quando preciso ficar mais um pouquinho pra terminar de atender todo mundo e conhecer todas as pessoas que eu conheci foi incrível!


Como ser voluntária pode ter te ajudado a crescer não só profissionalmente, mas também como pessoa?


Na área profissional eu evolui muito em relação ao atendimento ao cliente e a relação com pessoas, pois minha profissão exige isso. Na área pessoal eu aperfeiçoei muito a minha paciência e minha resistência emocional.


Qual sua expectativa para os Jogos Paralímpicos?


Eu realmente espero muito que os jogos paralimpicos sejam tão bons como os olímpicos. É uma parte tão emocionante! Eu vejo muito as pessoas comentando que querem assistir aos paralimpicos e o CPB (Comitê Paralimpico Brasileira) está fazendo muito bem a parte de divulgação.


E como espectadora, não voluntária, o que achou dos Jogos Rio 16 como um todo?

Arena de hipismo

Como espectadora eu achei que ficou muito organizado e a cidade ficou muito linda. Eu fui assistir à final do hipismo adestramento e amei a experiência e gostei do funcionamento da instalação e também dos transportes públicos. Teve bastante gente para ajudar com informações desde a saída dos espectadores da estação de trem até chegar ao Centro Olímpico de Hipismo. Foi muito bom! E também penso que vão ficar ótimos legados para a cidade, como o VLT por exemplo, que eu tinha muito preconceito antes de começar a usar. Espero que continue sempre melhorando.




Gostaria de fazer alguma consideração final?


Em resumo, o que eu mais aprendi com essa experiência como voluntária foi a lidar com as diferenças, aprendi um pouco mais sobre algumas culturas e até alguns cumprimentos em outros idiomas, aprendi também a ter paciência e a respeitar o limite de cada um! Vou levar tudo isso pra sempre e com muito carinho vou lembrar de cada momento.



Rio 2016


Stella Barros é estudante de Turismo (blogueira, vlogueira...) e está em praticamente todas redes sociais... Abaixo você encontra os principais, e em alguns deles estão os links para outros:


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