Uma visita ao Museu do Videogame
Recentemente fiz uma visita ao Museu Itinerante do Videogame e o que vi e senti lá eu conto agora pra vocês.
O Museu está no Shopping Nova América enquanto escrevo esse texto e estará lá apenas até o dia 29/01, portanto, se você está lendo isso a tempo, corre pra conferir, se não, você perdeu uma grande oportunidade.
Pra mim, que sou um geek inveterado, o Museu é uma viagem nostálgica daquelas que fazem os olhinhos brilharem. E acredito que pra quem não é, mas curte museus e cultura em geral, é uma experiência, no mínimo, interessante. Além do mais, é bem interativo, dá pra jogar tanto os joguinhos mais nostálgicos, tipo, River Raid de Atari como os mais modernos tipo um FIFA 17 no Xbox One.
Pra aqueles que já são pais mas não deixaram o jovem gamer de lado, é uma experiência muito legal jogar com os filhos ou pelo menos apresentá-los aos clássicos que fizeram sua infância/adolescência mais feliz.
Se você é do tipo que gosta da história em si, de ver a evolução dos jogos e dos consoles bem como da tecnologia como um todo, tenho certeza que sairá de lá bem satisfeito também. Há várias torres de exposição com dezenas de consoles, muitos deles bem raros (e certamente bem mais caros que um Playstation 4, por exemplo).
Aqui vão alguns desses consoles e jogos, e conforme vou mostrando as fotos, vou comentando sobre aqueles que me forem especiais. E desde já peço desculpa pela qualidade das fotos. Infelizmente as torres tem vidros, e estes não são antirreflexivos, por isso algumas fotos podem estar bem escuras e/ou com várias imagens refletidas.
Começando pelo começo: esse é o Odyssey, o primeiro videogame do mundo. Esse eu não cheguei a jogar, mas tenho amigos que até o tiveram. Ele era incrivelmente simples, obviamente, mas tenho certeza que alegrou muita gente em sua época. Afinal, pra se divertir não precisa muito, imaginação é o suficiente. Aqui tem mais uma foto, o detalhe com informações sobre esse console:
O segundo da minha lista, é o primeiro a ser fabricado no Brasil. 5 anos após o Odyssey ser lançado lá fora, o Telejogo (Videogame, hã? Não? Sério?!) começou a ser fabricado no Brasil e já tinha um grande diferencial em relação ao seu irmão mais velho e gringo: vinha com (incríveis) 3 jogos!
E no detalhe, com a info:
No entanto, o primeiro videogame realmente popular, fenômeno de vendas no mundo inteiro e que tem um cantinho especial no coração de todo gamer old school é o Atari 2600.
O Atari foi o primeiro videogame que joguei na vida. Meu irmão tinha um. Ou pelo menos nós achávamos isso... Alguns anos depois fomos entender que na verdade não era exatamente um Atari que tínhamos em casa, e sim um Dactar. A foto abaixo mostra o modelo que tínhamos:
Talvez não esteja legível na foto, mas o Dactar era um clone não-autorizado pela Atari. No entanto, isso era muito comum. Existiam outros 'genéricos', especialmente na época do Nintendo 8 bits, conforme mostrarei mais a frente.
Esse aqui do lado esquerdo (ou abaixo/acima se você está lendo pelo celular), não é um desses genéricos, eu acho. Segundo a tag informativa, ele é apenas uma homenagem ao icônico personagem da saga Star Wars. Uma versão do Atari 2600 todo preto com o nome Atari 2600 Darth Vader. Na prática, não tem diferença nenhuma do original.
Já esses aqui do outro lado (cima/baixo/whatever) são cópias descaradas mesmo, com direito a processo e tudo como dizem as tags (acho que se clicar nas fotos elas ficam em tamanho real e dá pra ler). Mesmo sendo pirataria, tecnicamente, eles merecem espaço no museu dado o tamanho do sucesso que alcançaram. Muitos, como eu, meu irmão e nosso Dactar, achávamos que esses eram mesmo os autênticos Atari.
Entretanto, entre o Odyssey em 1972 e o Atari 2600 em 1976, a Atari lançou o Pong em 1975 e o Super Pong em 1976. Os videogames continuavam sendo simples, sendo que o primeiro, conseguia ser ainda mais simples que o Odyssey, algo impensável nos dias de hoje. Ou vai me dizer que você consegue imaginar uma empresa concorrente lançando um console inferior ao seu antecessor e esperar sucesso nas vendas? Já o segundo, Super Pong, apresentava inovações em comparação com o Odyssey: QUATRO JOGOS. Não que eles fossem, tipo, super diferentes um do outro, mas já tínhamos opções, né?
E houve, ainda, antes do Atari 2600, uma reação do fabricante do Odyssey aos Pong da Atari. Era o Odyssey 500, que apesar de ter inovações tecnológicas relevantes (cores e BONEQUINHOS ao invés de pontinhos em preto e branco) não obteve o sucesso de seus antecessores e nem chegou perto do que seu sucessor fez. Porém, foi dele que veio a inspiração e incentivo para o monstro que foi o Atari 2600.
Achei muito curiosos os portáteis lançados nessa época, nos anos 70 (não fica claro pelas tags quando, exatamente, cada um deles foi lançado). Eles não eram como os portáteis que estamos acostumados, mesmo os old school, afinal, não tinham tela! Apenas leds! Muitos, hoje, talvez nem os considerem videogames por essa razão, no entanto, podem ser classificados como tal, afinal, eram jogos eletrônicos com único propósito de
entretenimento e tinham algum de tipo de programação pré-definida.
E aqui do lado direito eu coloquei a foto do primeiro a utilizar cartuchos.
Essas duas gerações de videogames (1ª: Odyssey, Pong e Telstar [cuja foto aparece logo adiante] e 2ª: basicamente o Atari 2600, seus clones e mais um ou outro que também já mostro) foram muito importantes na abertura do mercado de jogos eletrônicos para serem jogados em casa. Além disso, são um marco na cultura pop, tendo formado caráter de quase todo jovem e criança que cresceu nessa época e ajudando no desenvolvimento do raciocínio lógico bem como coordenação motora. Isso sem falar no avanço tecnológico.
Esse trevo aí do lado, por exemplo, nada mais é do que mais uma versão do já citado Dactar. Não havia diferença no console em si, tampouco nos jogos que ele rodava. O diferencial era a maleta estilo James Bond que vinha com compartimento pra guardar os cartuchos e com joysticks com esse fio espiral que tornava mais fácil o armazenamento do mesmo na maleta. Nada demais na teoria, mas na prática, devia ser muito maneiro pedir pra passar a noite ou o fim de semana na casa dos amigos ou familiares e levar todo posudo a tal maleta do 007 com um videogame e seus cartuchos por aí.
Esse bonitão laranjinha aí é o primeiro console lançado pela Nintendo que não passava de um Pong ligeiramente melhorado.
Já essa outra gracinha, bem parecido com o anterior, é o primeiro a estampar a marca Nintendo. Apesar de contar com apenas um jogo, fez bastante sucesso e vendeu cerca de 400 mil unidades no Japão, o que pra época e local é um absurdo.
Já esse rapaz simpático e discreto foi a primeira inserção da Sega no mercado de consoles. Ele trazia impressionantes três canais de som mono e aproximadamente 70 fucking jogos!
Esses daí são os, já citados previamente Telstar, que fazem parte ainda da primeira geração, ao lado do Odyssey e do Pong. O seu diferencial em relação aos outros era o preço: 50 dólares, o que era relativamente acessível na época.
Sendo que essa coisa triangular esquisita aí, é uma versão do tal Telstar. Em cada lado da pirâmide sinistra tinha um tipo de joystick voltado pra um dos jogos: corrida, tiro e os botões giratórias que eram pro jogos de pong. O visual pode até ser discutível, mas era super inovador e vanguardista.
Já este jovem senhor é a versão europeia do Fairchild Channel F, nada mais, nada menos que o primeiro videogame da segunda geração, que veio a ser dominada pelo Atari 2600. Confesso que nunca tinha ouvido falar nem desse moço nem do seu irmão não-europeu.
No meio do caminho entre uma geração e outra, ainda houve um ou outro tentando um pouquinho de espaço e ganhar um dinheirinho (ou ão, quem sabe) mas que não conseguiram sucesso. Esse aqui do lado, por exemplo, eu não consegui pegar o nome de dois que aparecem na foto, mas isso não tem a menor importância, visto que o que o nome aparece, eu nunca ouvi falar: Arcadia 2001, que mais parece uma máquina de fax com secretária eletrônica dos anos 90.
Já esse outro aqui em cima é o Telejogo II, que provavelmente faz parte ainda da primeira geração, mas foi bem irrelevante em vendas. Também nunca havia ouvido falar.
As coisas começaram a se tornar muito mais sérias pro mundo dos games a partir da chamada 3ª geração de videogames, com a chegada do NES (o famoso Nintendinho) e do Master System. Infelizmente não tirei foto de nenhuma das diversas versões do console da Sega, mas dá um Google aí se quiser vê-lo. Porém, podemos dizer que esses dois foram responsáveis pela popularização de dois personagens que viriam a se tornar alguns dos maiores ícones não só dos games, mas da cultura pop em geral nas décadas que viriam: Mario e Sonic, respectivamente.
Na parte de cima da foto você pode ver o Nintendinho e na de baixo o seu filho de 16 bits, o SNES (ou Super Nintendo). Assim como o Atari, o NES foi muito clonado e no museu você pode conferir vários desses clones, os mais populares no Brasil, me lembro de serem o Phantom System, O Turbo Game e o Dynavision. Eu mesmo conheci pessoas que tinham algum dos 4.
Olha só esse robô (!) que podia ser acoplado no Nintendinho (!!) e recebia flashes de luz da TV que eram recebidos por seus sensores e transformavam em comando (!!!!). Tudo isso em 1985! (Hey, Doc Brown & Marty McFly: I see what you did there!) huuahauahuahu.
Já na quarta geração, é notável que o Super Nintendo foi mais bem sucedido do que o Mega Drive em diversos aspectos. Mas foi o console da Sega o meu primeiro amor.
Eu acho que tinha 10 anos quando ganhei meu Mega Drive 3. Foram muitas e muitas horas, várias tardes. Até conseguir, finalmente, zerar Sonic 2 (cartucho que veio junto com meu console). E quantas vezes matei aula, digo, passei horas na locadora jogando e escolhendo/conhecendo novos jogar pra alugar. Logo pedi de Natal o Mortal Kombat 3 e passei a ter muito mais sangue em minha vida. Foi com Mortal Kombat e Street Fighter que comecei a tomar gosto por HQs, meu grande vício hoje. Pode parecer não ter conexão, mas eu e um amigo gostávamos de criar histórias em quadrinhos baseadas nesses jogos (e modéstia a parte, não éramos ruins nisso).
Joguei meu Mega Drive por bastante tempo. Até que no Natal de 1996 ganhei meu Nintendo 64 e este viria ser o grande amor da minha vida gamer, e o é até hoje. Não tem Playstation 4 ou PC gamer que me faça deixar de amar o N64...
Foram alguns bons anos jogando este que sempre será meu console favorito. Equanto todos os meus amigos já estavam no PlayStation 2, eu continuava no 64. Foram dias e dias durante anos até conseguir pegar as 120 estrelinhas do Mario 64 sozinho. Dezenas de viradas na casa de amigos jogando Mario Kart 64 com quatro players. Várias horas de multiplayer de 007 contra Goldeneye.
Curiosamente eu pulei a 5ª geração. Fui dos 16 bits pro 64. Na 5ª, quem reinou absoluto foi o PlayStation. Porém, segundo os especialistas, essa geração ficou conhecida como a geração 32/64 bits, afinal, era composta apenas pelo Playstation (Sony), Sega Saturn e pelo Nintendo 64.
Oficialmente, houve outros consoles nessa geração, como 3DO da Panasonic, mas nunca conheci alguém que o tivesse, e só o vi numa locadora.
Se o 3DO foi desconhecido, o que dizer do Amiga CD 32? Por razões comercias que desconheço, ele não foi lançado nos EUA, e obviamente, ficou desconhecido no cenário mundial, fazendo relativo sucesso apenas no Canadá e na Europa. O console foi descontinuado apenas 8 meses após seu lançamento.
Quase tão fracassado quanto, foi o Jaguar e o Jaguar CD da Atari (!). O console diz ter 64 bits, mas os especialistas no assunto contestam. Somados, o número de jogos lançados para o Jaguar mais os de sua 'extensão' mal passam de 50.
Na geração seguinte ficou com o GameCube, o Xbox e o PlayStation 2, porém, foi amplamente dominado por esse último. Eu mesmo acabei me rendendo alguns anos depois, especialmente pela comodidade da piraaria, já que era muito fácil arrumar um PS2 'desbloqueado' e jogos a 20 reais nos camelôs. E a quantidade de jogos era impressionante.
Pra quem não conheceu 'pessoalmente', esse aí na parte de cima é o GameCube. O console, infelizmente, não obteve tanto sucesso aqui no Brasil afinal, os consoles da Nintendo normalmente tem jogos muito divertidos. O maior motivo desse não-sucesso foi a mídia que rodava no console, praticamente (ou de fato?) exclusiva. Uma outra razão que me deixa triste pelo videogame não ter dado certo, pelo menos no Brasil, era o controle super ergonômico. Logo abaixo na foto temos o Wii, o sucessor do GameCube que trazia uma tecnologia inovadora e incrível: o controle com sensor de movimento. O Wii é uma outra decepção pra mim, pois poderia ter sido muito maior do que de fato foi. Até teve um certo sucesso de vendas (e tenho alguns amigos que jogam até hoje, e pode ser jogado em praticamente toda festinha infantil que se realiza em salões de festa), porém não conseguiu competir de igual contra seus contemporâneos Playstation 3 e Xbox 360.
No Museu Itinerante do Videogame, há ainda espaço pra muitos outros consoles e artigos curiosos e raros.
Raros e curiosos como o Philips CD-i, que estava mais pra uma central multimídia do que um videogame de fato.
Raros como o Magic Computer 95, que parecia um simples teclado de PC, mas que na verdade era mais um clone do Nintendinho.
Ou ainda mais curiosos, como o MSX Expert XP-800, que era um misto de PC e videogame e que como esse exposto no Museu, poderiam até ter dois slots pra cartuchos. Isso tudo lá em 1985!
Tem espaço pros clássicos Game Boy e todas suas evoluções ou alternativas: Pocket, Light, Color, Advance, Advance SP e Micro.
Bem como também há espaço pro seu sucessor, o Nintendo DS, e obviamente suas evoluções: DS Lite, DSi, DSi XL, 3DS, 3DS XL e o 2DS.
E é claro que há muito mais coisa interessante exposta. São várias torres, cada uma delas cheia de consoles e informações. Mas como eu disse antes, o Museu não é só exposições, mas também interação. É possível jogar diversos jogos espalhados pelo espaço em que o Museu ocupa no shopping. Seguem algumas fotos:
Começamos pelo clássico River Raid no Atari 2600. O interessante dessa foto é o menino também jogando no console que provavelmente seu pai seu divertiu muito. É uma das coisas mais legais desse evento.
E que tal uma partidinha do também clássico Contra, na foto jogado no Phantom System, um dos clones de Nintendinho.
Também não podia deixar deixar de fora um ícone como o Sonic, jogado aqui no Mega Drive
Outro ícone dos games, de tantas plataformas e que faz sucesso até hoje, é o Street Fighter, nessa foto sendo jogado no Super Famicom, o original do Super Nintendo no Japão.
Tem espaço até pro incomum, como podemos ver nessa foto, onde vemos um Jaguar rodando Doom (mais um grande clássico da minha adolescência)
E por último, uma foto bem emblemática: várias crianças dançando/jogando Just Dance a música Ghostbusters, provavelmente no Kinect, mostrando não apenas como os games e a cultura pop em geral estão intimamente ligados pra sempre, e que o amor pelos games continuará ainda por bastante tempo e que há, sim, muito respeito e gosto pelos clássicos.
Se puder, visite o Museu do Videogame e leve crianças, sejam seus filhos, primos, irmãos ou vizinhos. Todo mundo vai se divertir e vai ser uma experiência muito gostosa. Se não puder fazê-lo agora, aguarde a próxima edição (torcendo pra que seja logo!) e não deixe de ir.