top of page
Recent Posts
Follow Us
  • Instagram - Black Circle
  • Instagram Social Icon
  • Twitter Basic Black
  • Facebook Basic Black
  • Black Google+ Icon

Mulher-Maravilha: o filme que queríamos e precisávamos

Finalmente assisti ao filme da Mulher-Maravilha que além da minha própria expectativa normal sobre filmes de heróis, só fez aumentar mais depois de tanta crítica positiva. E olha, faz jus, hein?!


A primeira coisa a se dizer sobre esse filme é a respeito da grande atuação da protagonista Gal Gadot. Ela é mais um dos diversos casos de casting mal recebido por praticamente todos (crítica especializada e fãs) e que superou muito as expectativas e pode-se dizer que calou a todas essas críticas. Gal consegue atingir todas as nuances exigidas pela personagem, indo da rigidez de uma amazona até a ternura característica de Diana Prince, passando pela inocência de alguém que acaba de conhecer um mundo novo. E nem me venham com essa história de que 'ela nem parece com a Mulher-Maravilha'! Se você tem assistido aos últimos 957 filmes de adaptação de quadrinhos você sabe que isso não tem absolutamente

nada a ver e é rapidamente ignorado quando o ator entra em ação. Vide o Wolverine de Hugh Jackman que tem 1,88m enquanto o personagem original tem 1,60m, no entanto, hoje em dia ninguém consegue mais separar o personagem nos filmes do ator. E é exatamente o que acontece com a Diana de Gal. Ela não tem olhos azuis, não tem seios fartos e é muito magra. Ainda que isso fizesse diferença na história (o que não faz de forma alguma), tudo isso é completamente esquecido quando você vê dez minutos da atriz em cena (e isso já podia ser notado desde Batman vs Superman). Você pode jurar que está vendo a Mulher-Maravilha que acabou de sair dos quadrinhos e das animações direto para o live action.


A segunda coisa a se dizer é a respeito da questão do feminismo que vem arraigado à personagem. A Mulher-Maravilha desde sua concepção é o grande ícone do feminismo na cultura pop. E quis o destino que ela fosse a primeira personagem feminina importante dos quadrinhos a ser protagonista de sua própria adaptação para as telonas. E sua causa não foi esquecida. Poderia, sim, ser mais clara, mais firme. Mas não deixou nada a desejar e sua mensagem foi passada. Por vezes de forma bem clara e em outras mais sutil, mas que funciona até melhor. A questão funciona bem especialmente por se passar no início do Século XX, mais precisamente durante a Primeira Guerra Mundial. Afinal, se até hoje as mulheres ainda buscam igualdade em diversas frentes, imagine em tal época? A personagem passa sua mensagem, especialmente para as meninas que a assistem com brilho nos olhos, que as mulheres podem fazer tudo o que quiserem e são tão capaz quanto acreditarem.


Pegando esse gancho da Guerra, é nessa hora que o filme parece realmente ganhar ares de filme de herói. É quando começamos a ver aquilo que esperávamos: a Mulher-Maravilha em ação! E é lindo! Nessa parte eu tive lampejos de memória do Capitão América e do Wolverine tanto nos quadrinhos quanto em seus primeiros filmes solo durante a Segunda Guerra Mundial. Aqueles super-seres enfrentando soldados e suas armas de guerra é muito legal! E a forma como Diana toma a iniciativa e encara a guerra é incrível. Assim como o Capitão e Wolverine, Diana é ponto de desequilíbrio de sua 'tropa', mas os outros componentes são essenciais para seu sucesso na guerra. E só pra linkar com a questão do feminismo citada anteriormente, o simples fato de termos uma mulher no front de batalha, independente do tamanho de sua participação, é de se comemorar (não que devamos comemorar qualquer coisa referente à guerra, mas sim o fato de mulheres e homens estarem em igualdade em qualquer situação que seja) .


Sobre a participação de Steve Trevor (Chris Pine), esta também é uma boa surpresa, pelo menos pra mim. Steve não é apenas um interesse romântico para Diana, o que estragaria muito de ambos personagens. Steve é praticamente um sidekick para Diana e tem grande importância na história, tanto na origem da Mulher-Maravilha e sua vinda para o mundo dos homens, como na conclusão da história do filme. Se a atuação de Chris Pine não é brilhante, pelo menos é carismática e digna. Além disso, sua função como simpatizante incidental da causa feminista o torna o famoso 'homão da porra', ou como colocado no filme, 'um homem acima da média'.


Mulher-Maravilha é o primeiro filme do Universo Cinematográfico da DC depois da concepção da ideia da Liga da Justiça. No entanto, não é fundamental para tal. Afinal, é um filme de origem, já que nunca havíamos tido um filme da personagem, diferentemente de Batman e/ou Superman. Dessa forma, não espere easter eggs ou ganchos para outros filmes. A ligação com Batman vs Superman até existe, bem como um ou outro easter egg menor, nada muito importante. Isso pode requerer um pouco de paciência do público comum. Até mesmo do público acostumado e fã do gênero, pois eles podem achar o ritmo lento demais em alguns momentos. O longa até começa com bom ritmo mostrando a infância de Diana e sua história em Temiscira. Há boa ação, bem coreografada. Cenografia e figurino dignos dos personagens e história. Fotografia linda. Quando Diana sai da Ilha Paraíso e vai pra Londres em guerra, parece que somos lembrados que se trata de um filme da DC, pois os tons mudam em diversos aspectos. No entanto, há uma carga de humor bem adequada com as situações e bem encaixadas na histórias. Boa mudança de rumos e paradigmas na DC. Finalmente entenderam que filmes de super-heróis podem ser levados a sério, e devem ser divertidos, especialmente um com o peso de uma Mulher-Maravilha, que tinha a missão de conquistar também o público feminino e levar uma heroína ao patamar que Superman e Batman já estão junto ao público infantil. Para isso, o roteiro de Geoff Johns e Allan Heinberg e a direção de Patty Jenkins foram essenciais. A DC deixou claro que não vai descartar o que Zack Snyder construiu até agora, mas vai tentar outros caminhos paralelamente.

Uma pequena falha, no meu entendimento, que no entanto não atrapalha em nada na beleza do filme como um todo, é o vilão. Afinal, até o terceiro e final ato do filme sequer acreditamos que exista um. Quando ele finalmente se apresenta, é um tanto tarde e por essa razão ele acaba sendo subaproveitado. Além do mais, por ser quem é, poderia ter mostrado muito serviço e se encaixaria bem na história, traria boas possibilidades. Mas esse é um problema que vem sendo recorrente em tudo que envolve adaptação de quadrinhos como regra geral, especialmente na Marvel que já tem um Universo mais consolidado que a DC. A parcela de culpa que compete à DC nesse caso, é o fato (também recorrente) de querer colocar muita coisa nas suas adaptações ao mesmo tempo. Isso faz com que seus filmes mesmo tendo mais de 2 horas de duração, pareçam ficar correndo em sua reta final. A parte da construção dos personagens vai bem, mas 'na hora do vamo ver' fica meio a desejar ainda, apesar de eu ter sentido uma leve melhora nesse filme em relação aos outros que o antecederam.

No fim das contas, Mulher-Maravilha é o filme que todos precisavam e queriam. A DC/Warner precisava muito que esse filme desse certo, tanto para a continuidade do seu Universo como para dar credibilidade e alívio ao seus fãs. Isso sem mencionar a parte comercial da coisa. É muito bom para o merchandise que o filme funcione. Já as fãs de quadrinhos precisavam e queria há muito tempo de terem uma representação digna em tela. E, sem ver o lado romântico da coisa, também era importante conquistar as meninas, crianças. Claro que muitas curtem os super-heróis homens, bem como se espelham neles assim como os meninos. Há também as personagens femininas importantes nesses filmes, assim como já haviam outras super-heroínas. Mas quantas meninas você conhece que adoraram as personagens femininas dos diversos filmes do Universo dos X-men, ou a Viúva Negra? No máximo tivemos um boom com a Arlequina (o que não é exatamente bom, visto que ela não é um bom exemplo) e, talvez, a Barbara Gordon / Batgirl de Lego Batman. Além, claro, das personagens fortes e importantes de Agents of SHIELD, Jessica Jones (que não é adequada pra crianças, mas pode influenciar adolescentes) e a Supergirl nas séries de TV. E para os homens que são fãs de super heróis, não os meninos de idade, mas os de espírito, esses sim, precisam muito de mais Mulheres-Maravilhas nas telas. Muito mesmo. O público da Cultura Pop é muito machista de forma geral, mas ainda é mais fácil de ser trabalhado do que a sociedade geral. Se daqui pra frente os filmes e séries, com sua abrangência enorme, continuarem seguindo essa linha que Mulher-Maravilha começou, teremos um público bem mais tolerante e inteligente em um futuro próximo. Que a Capitã Marvel acerte como Mulher-Maravilha acertou, e se possível, que torne a personagem tão importante quanto sua antecessora no quesito representatividade.

bottom of page