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O dia que escrevi um conto



Faz alguns anos que gosto de escrever. Já tive outros blogs e escrevia textão até em fotologs. Curto escrever sobre temas variados, mas acho que me sinto mais a vontade falando de coisas que sinto, mesmo que seja difícil explicar. Dizem até que me expresso muito melhor quando escrevo, especialmente quando falo o que sinto e penso.


Há alguns anos atrás, acredito que por volta do segundo semestre 2011, um dos melhores professores que tive na vida, pediu uma atividade que funcionaria como avaliação. Mas grande professor que era, ele queria que aquilo fosse significante pra nós, alunos. Ele queria incentivar nosso desenvolvimento em produção textual, queria nos inspirar como profissionais e fazer com que descobríssemos nossos limites ou que fôssemos além deles. Ele pediu que escrevêssemos um conto. Sobre qualquer coisa. Deu algumas sugestões de por onde começarmos, acharmos nossa inspiração. Uma delas era a sátira. Deu alguns exemplos de sátira e a paródia. Senti que ali estava minha inspiração, pessimista e irônico que sou.


A partir daí procurei o que gostaria de criticar e/ou destruir, desconstruir. Precisava ser uma obra literária que me fosse familiar e um assunto que me fizesse refletir. A obra não foi muito difícil, visto que meu conhecimento literário é bem menor do que eu gostaria e até mesmo deveria ser, considerando-se minha profissão. Escolhi Alice no País das Maravilhas. Além de ser uma história que conheço relativamente bem, estava muito envolvida na minha vida naquele momento, afinal, aguardava a chegada da minha filha que teria o nome da protagonista, muito por conta da personagem em questão.


Agora me faltava o contexto, o pano de fundo, o que eu gostaria de trabalhar na história. Afinal, por muitos anos ela já estava arraigada no conhecimento popular. Eu queria fazer algo novo, ou pelo menos bem diferente. E precisava fazer isso de uma forma minimamente familiar. Também queria colocar um pouco do meu toque naquilo, algo que pudesse ser reconhecido por quem me conhecesse como 'Isso aqui é coisa do Thiago!'.


Foi assim que surgiu a ideia do conto que nomeei Greice na Cidade das Maravilhas. Pensei em fazer uma espécie de releitura da história de Alice como se ela se passasse no Rio de Janeiro, em um trocadilho do original 'Wonderland' com a alcunha do Rio, a 'Cidade Maravilhosa'. Tentei imaginar como seria uma personagem com a inocência, inteligência e curiosidade de Alice vivendo no submundo de um 'purgatório da beleza do caos'. Ao mesmo tempo, quis, também, adaptar os icônicos personagens da história para a realidade deturpada que se vive nessa cidade.


Como avaliação que deveria ser, o conto acabou sendo irrelevante, como deveria ser. Ele funcionou para muito além do que valer alguma nota. Nem faço ideia de quanto tirei, só sei que passei na disciplina. Mas produzi-lo foi tão significante pra mim que demorei mais do que deveria e precisei de duas semanas pra concluí-lo, até por conta da vida atribulada que levava na ocasião. Da mesma forma, ele saiu maior do que se esperava, cerca de 13 páginas, talvez até saindo da definição de conto que se tem em geral.


Como poucas pessoas tiveram acesso a esse material e agora tenho esse espaço onde costumo trazer conteúdo aleatório, como o nome sugere, resolvi publicar o texto aqui. Como ele é grande para ser publicado em um só post, dividirei em algumas partes, semanalmente. Da mesma forma, esse texto de apresentação do conteúdo ficou muito grande, assim, colocarei um pequeno trecho inicial, como se fosse uma daquelas prévias onde você pode ler a primeira página de uma obra para saber se vale a pena comprá-la por inteiro. Fique agora então com essa prévia e, se possível, dê seu feedback enquanto aguarda pelas próximas partes.


"Foi batizada Gleycy Kelly, pois segundo a mãe, esta seria uma princesa e deveria ter o nome de uma. Porém a mesma mãe, não teve muitas oportunidades na vida, e por conta disso, não estudou e não conseguia escrever e nem mesmo pronunciar corretamente o nome da menina. Dessa forma, todos a conheciam por Greice. (Mal sabia a mãe que essa forma do nome se aproximava mais da original...)


Fato era que a menina realmente poderia ser considerada uma princesa. De beleza rara em seu círculo social. Afinal, era uma rara loirinha de olhos azuis em sua vizinhança. Na escola também. Ela mesma não tinha nenhuma amiga que tivesse cabelo do mesmo tom que o seu (naturalmente, claro, já que algumas descoloriam com água oxigenada 40 volumes enquanto tomavam banho de sol na laje).


Sua beleza natural e exótica, se dava ao fato de ser a única de suas 3 irmãs (e 3 irmãos) a ter sido fruto de uma louca noite de sexo selvagem e sem segurança entre sua mãe e um grupo de gringos num carnaval. Sua mãe conta que não sabe exatamente de que país os tais gringos eram, e que possivelmente eram de mais de um país. Ela também não sabe precisar de qual dos diversos homens envolvidos na orgia ela era filha, e que ela poderia ser de qualquer um, já que eram todos loiros de pela rosada e olhos claros. A única certeza é que não era filha de nenhuma das outras duas mulheres que ali estiveram (por motivos óbvios!) nem do travesti, que foi o único a não enfiar nada nela. Ao menos nada que pudesse fazer um filho."




Pararemos por aqui por ora. Na próxima semana postarei a primeira parte por inteiro, inclusive esses três primeiros parágrafos. Até lá!

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