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Minha primeira doação de sangue

Basta me conhecer um pouquinho mais além do superficial pra saber que tenho sérios problemas com agulhas. Fico muito nervoso, não consigo respirar direito. Pode ser vacina, coleta de sangue, ou simplesmente fazer um furo pra sabe o grupo sanguíneo. Não importa. Pra mim, dói e me dá uma irritação profunda. Além do mais, por causa desse problema desde a infância, sempre que preciso fazer alguma coisa que envolva enfiar uma agulha na minha veia, o profissional tem dificuldade de achá-la, pois fico nervoso e a veia some. Como a veia some e o processo acaba demorando mais, fico mais nervoso e, consequentemente, a veia 'some mais'.


Por essa razão, nunca fiz e nunca acreditei que um dia faria duas coisas que sempre achei muito legal: doar sangue e/ou fazer tattoo. Entretanto, esse ano estou empenhado em fazer grandes mudanças na minha vida, e o plano já está em curso.


Como (provavelmente) todos os leitores desse texto já devem saber, estou em processo de mudança de Nova Iguaçu-RJ para Curitiba-PR. Nesse mês de Janeiro/18 vim para a cidade resolver as questões relativas a essa mudança. É importante frisar que a mudança de hábitos está diretamente ligada à mudança de cidade.


Antes de prosseguir a história, preciso de uma pequena contextualização. Ainda no meio de 2017, quando já havia decidido por vir, meu amigo que mora aqui e eu decidimos que iríamos no show do Foo Fighters que acontecerá no início de Março. Acontece que o ingresso estava um tanto acima do orçamento previsto. Então, ele lembrou que aqui existe meia entrada para doador de sangue. Basta você apresentar sua carteirinha (que é retirada logo após a segunda doação). Pensei: bem, é a desculpa que eu precisava para tomar coragem, encarar esse problema com agulhas, ajudar o próximo e de quebra conseguir meia entrada (não só no show que já está com os ingressos comprados, mas também em qualquer outro evento cultural que ainda poderei curtir futuramente).


Seguindo a história.

Fomos fazer a doação, meu amigo que já mora aqui e é doador, e eu. Chegando no Hemobanco, tive que preencher um formulário e entre as perguntas havia uma sobre a razão de estar fazendo a doação. Não lembro exatamente as palavras, mas havia algo como "( ) Alguém da família ou amigo está precisando de doação ( ) quero ganhar a carteirinha de doador que garante meia entrada em eventos ( ) quero fazer um gesto de solidariedade e ajudar alguém que precise". Sabe quando você está fazendo algo errado e tem a sensação de que alguém vai te pegar ou fica com a paranoia de não deixar nenhuma pista? E parece que o universo te dá uma chance de não fazer aquilo? Pois bem, confesso que quase respondi a segunda opção, com a ideia de 'fiz uma coisa feia, mas confesso meu erro'. No entanto, pensei: 'e se for uma pegadinha? E se eu responder isso e eles não me derem a carteirinha como castigo?'. Respondi a terceira, mesmo achando errado. Depois fiquei com uma questão martelando: 'e se eles consideram que aqueles que não marcaram a resposta da carteirinha não a querem, e assim, eu acabar sem a minha?' Ah! No fim das contas terei feito uma boa ação e alguém sairá beneficiado de qualquer forma! Vamos à doação


Antes de doar, passamos por outra entrevista, um pouco mais constrangedora, inclusive. Entre essas perguntas, porém, há uma que me deixou pensando por 2 segundos na resposta: 'Você viajou recentemente para algum lugar onde houvesse foco ou epidemia de doenças endêmicas?" Durante um segundo pensei: "O que diabos são doenças endêmicas?!" Mas no segundo seguinte lembrei: "Ah, não viajei pra lugar nenhum recentemente mesmo..." Acaba que logo depois de sair da doação, conversando com meu amigo, descobri que essas doenças são dengue, chikungunya, febre amarela entre outras. E no Rio até há, hoje, suspeitas ou possibilidades de tais. Mas, felizmente, não tive contato com nenhuma dessas recentemente, antes de vir.


Enfim, fui para a cadeira para doar. Muito tenso, como sempre. Converso com a moça, ela me explica todo o procedimento. Minhas sensações se misturam. Um pouco de medo misturado a vontade. Talvez ansiedade resuma. Dessa vez prefiro fazer diferente e ficar olhando pra agulha 'entrar', pois assim diminui a expectativa de não saber quando o 'impacto' acontecerá. E quando acontece, dói. Não vou mentir e dizer que não dói nada. Dói sim! Mas é claro que há dores piores. E quando ela começa a 'puxar', é como se estivesse queimando um pouco. Mas nada insuportável também. Depois de alguns poucos minutos eu me acostumo com a sensação.


Porém a moça diz que minha pulsação está fraca e, por consequência, o fluxo do sangue mais lento. O que levaria a uma demora maior que o normal. Que ótimo... Ela mexe algumas vezes, como se tentasse fazer aumentar o fluxo. Disse que conseguiu uma pequena melhora, mas aumentou a dor também. Alguns minutos eternos depois a doação está no fim. Mas ela diz que houve um problema e minha veia estourou já no final. É óbvio que alguma coisa tinha que dar errado! Assim, coloca um compressa gelada e diz que provavelmente terei um hematoma. Coloca uma espécie de atadura e me libera para o lanche.


lá, já com meu amigo, enquanto comíamos e conversávamos, uma mulher estava na bancada da copa pegando seu lanche quando subitamente cai para trás. Uma enfermeira que chegava ao local quase a alcançou, mas foi muito rápido. Por sorte ela bateu a cabeça de leve no banco que é acolchoado e não se machucou, e a enfermeira teve tempo de auxiliá-la. Mas foi um grande susto pra mim que nunca vi alguém desmaiar assim, como em filme quando se assusta, caindo duro pra trás.


No final de tudo, ganhei um protocolo que diz que em 30 após a doação posso retirar a carteirinha. Ainda pretendo doar plaquetas nesse período (parece que é menos incômodo mas mais demorado). E apesar da dor nas primeiras horas e do belo hematoma, estou muito bem. Provavelmente passarei por todo processo de ansiedade novamente nas outras vezes, mas isso é outra questão que faz parte dessa minha mudança geral: trabalhar minha ansiedade. E se, por alguma razão, eu não conseguir a carteirinha a tempo de garantir minha meia entrada no show, eu já terei feito algo bom para a sociedade e dado o primeiro passo para superar uma questão psicológica pessoal.

O belo hematoma que ficou graças a veia estourada, pois era óbvio que algo daria errado na minha vez...


Fiquei tão feliz com essa experiência que fiz questão de escrever aqui. Espero inspirar alguém ou pelo menos ter divertido com a história. Até a próximo texto!


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